A premiação da atriz por sua performance em “Ainda Estou aqui” é uma das peças da valorização da cultura nacional
A vitória histórica de Fernanda Torres no Globo de Ouro 2025, como Melhor Atriz em Filme de Drama, representa mais do que um reconhecimento individual. Ela simboliza um marco no fortalecimento do cinema nacional, que, com a recente regulamentação da Cota de Tela para 2025, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ganha novo impulso para crescer e consolidar sua relevância no cenário global. Esta convergência de conquistas reafirma o potencial criativo brasileiro e o impacto de políticas públicas na cultura.
Um Globo de Ouro para o Brasil
Fernanda Torres emocionou o mundo ao vencer na categoria de Melhor Atriz em Filme de Drama pelo filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e produzido pelo Globoplay. Este é o primeiro prêmio de atuação no Globo de Ouro conquistado por um artista brasileiro, superando concorrentes de peso como Angelina Jolie, Nicole Kidman e Kate Winslet.
Em seu discurso, Fernanda dedicou a conquista à sua mãe, Fernanda Montenegro, que 25 anos antes havia sido indicada ao mesmo prêmio por Central do Brasil. “Esse é um filme que nos ajudou a pensar em como sobreviver em tempos difíceis”, destacou a atriz, ressaltando a importância do cinema como ferramenta de reflexão e resistência. A vitória também reforça o crescente reconhecimento internacional das produções brasileiras.
Reconhecimento internacional do cinema brasileiro
A vitória de Fernanda Torres e a regulamentação da Cota de Tela são indicativos positivos do fortalecimento da indústria audiovisual brasileira. A produção nacional tem se destacado em festivais internacionais, além de atrair a atenção de plataformas de streaming que buscam contar histórias autênticas e culturalmente ricas.
Walter Salles, diretor de Ainda Estou Aqui, também dirigiu outras obras reconhecidas mundialmente, como Central do Brasil e Diários de Motocicleta. Essa narrativas são profundamente enraizadas na realidade brasileira podem ressoar com públicos do mundo inteiro.
A Política da Cota de Tela e a valorização da produção nacional
O decreto presidencial que regulamenta a Cota de Tela é mais uma peça fundamental para impulsionar o setor audiovisual brasileiro. Publicado em dezembro de 2024, o documento determina que as salas de cinema devem dedicar percentuais mínimos de sessões à exibição de filmes nacionais, promovendo a diversidade de títulos e fortalecendo a indústria local.
A Cota de Tela, prevista na legislação desde 2001, havia ficado dois anos sem regulamentação. Agora, com validade até 2033, ela busca garantir que o público tenha acesso a mais produções brasileiras, incentivando também os cineastas a explorarem temáticas diversificadas. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou a relevância da medida: “Teremos mais cinema brasileiro nas telas e na televisão. Essa regulamentação é essencial para o fortalecimento da nossa cultura”.
A Agência Nacional do Cinema (Ancine) será responsável por fiscalizar o cumprimento das regras e estabelecer condições especiais para filmes nacionais premiados em festivais. Isso inclui garantir que obras como Ainda Estou Aqui, que destacam o potencial criativo do Brasil, possam permanecer em cartaz em sessões de maior demanda.
Iniciativas como a Cota de Tela garantem que produções menores ou independentes não fiquem restritas a circuitos alternativos. Com mais espaço nas salas de cinema, essas obras podem conquistar novos públicos e gerar oportunidades para talentos emergentes.
Desafios e Perspectivas
Embora a regulamentação da Cota de Tela seja um passo importante, ainda há desafios a serem superados. A Análise de Resultado Regulatório (ARR) da Ancine identificou a necessidade de ajustes nas regras, como a cota suplementar para complexos com três a cinco salas e o aumento do número de títulos distintos exibidos.
Outro desafio é garantir que as produções nacionais tenham o mesmo apelo para o público quanto os blockbusters internacionais. Isso requer investimentos em marketing, qualidade técnica e acesso a plataformas de distribuição que ampliem o alcance dos filmes brasileiros.
Por outro lado, o sucesso de filmes como Ainda Estou Aqui mostra que é possível equilibrar qualidade artística e apelo comercial. A produção do Globoplay foi amplamente elogiada pela crítica e alcançou uma audiência significativa, provando que há um mercado para narrativas nacionais bem trabalhadas.
Um Futuro promissor para as produções audiovisuais brasileiras
A vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro e a regulamentação da Cota de Tela para 2025 representam um momento decisivo para o audiovisual brasileiro. Enquanto o reconhecimento internacional eleva a reputação do cinema nacional, as políticas públicas criam o ambiente necessário para que a indústria continue a crescer e a prosperar.
Com mais espaço para filmes nacionais e o fortalecimento da produção local, o Brasil tem a chance de consolidar sua posição no cenário global e de transformar o cinema em uma ferramenta ainda mais poderosa de reflexão, identidade e resistência cultural. A história de Fernanda Torres, que dedicou sua conquista à mãe e às gerações futuras, é também a história de um Brasil que acredita no poder de contar suas próprias histórias.
Em seu discurso emocionante, a atriz dedicou o prêmio à sua mãe, Fernanda Montenegro, e lembrou a importância do apoio estatal ao setor cultural. A conquista acontece em um momento de renovação de políticas públicas voltadas para a promoção e preservação da produção audiovisual no Brasil, com destaque para as regulamentações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como a reestruturação da Cota de Tela e o fortalecimento de incentivos à produção audiovisual.
Outro marco foi a regulamentação da Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar 195/2022) e da Lei Aldir Blanc 2 (Lei 14.399/2022), que juntas liberaram mais de R$ 6 bilhões para o setor cultural, incluindo produções audiovisuais. Esses recursos são destinados a fomentar não apenas a criação de filmes e séries, mas também a formação de novos talentos, a preservação de patrimônios culturais e o incentivo à circulação das obras no mercado interno e externo.
Uma pesquisa realizada pelo Observatório Brasileiro de Cinema e audiovisual mostra o retrospecto dos registros de obras audiovisuais brasileiras produzidas nos últimos 10 anos.